Periodicamente, na Educação Física, certos métodos e meios de treinamento ganham certa "popularidade" entre os profissionais, passando a ser modismos às vezes passageiros, outras vezes com mais durabilidade. Apoiados muitas vezes por um marketing de academias e clubes, esses modismos confundem muito a cabeça do praticante, que fica sem saber se o que vinha treinando até então era ultrapassado e que deve aderir imediatamente ao método do momento. É o caso do chamado TREINAMENTO FUNCIONAL, ou treinamento alternativo ou Core training. Alçado à condição de "NOVO" método revolucionário, o TF , em teoria, se consideraria um método de treinamento englobando apenas os exercícios que pudessem aumentar a funcionalidade do indivíduo em referência ao trabalho almejado.
De toda sorte, a caracterização inicial era formatada com base em exercícios realizados em superfícies instáveis ou situação de instabilidade: bola suíça; bosu; unipodal; prancha, etc. Posteriormente, com a prospecção midiática e comercial da denominação “Treinamento Funcional”, praticamente todos os exercícios “não-convencionais” ampliaram a designação da prática: Kettlebell; Levantamento de Peso Olímpico; Treinamento Suspenso, etc.
Uma das falácias típicas dos propagadores do método no Brasil: a utilização de resistência elástica (ou elásticos) como meio de treinamento nas lutas sempre foi prática comum em rotinas de preparação física de lutadores. A metodologia é denominada pela terminologia tradicional na Educação Física há quase 50 anos como treinamento de/para potência e potência-resistência (dependendo do objetivo). Agora, pasmem, virou Treinamento Funcional.Recentemente, ocorreu o mesmo com o Levantamento de Peso Olímpico (LPO) no Brasil - que antigamente era denominado de Halterofilismo -, mais uma vez, pasmem, estão designando de TF.
O que realmente caracterizaria um treinamento dito "Funcional" seria sua especificidade - nadadores, corredores, saltadores e lutadores tem a necessidade do desenvolvimento de determinadas valências físicas , e diretamente relacionadas à um gesto motor específico e sua eficiênica dentro do contexto do esporte que praticam - assim, lutadores de Boxe e de Jiu Jitsu treinam potência - mas enquanto um treina para dar um direto, o outro treina para dar uma raspagem, por exemplo.
O que se designa e utiliza como TF, de fato, deveria ser, prioritariamente, apenas resgatar os meios de treinamento esquecidos e largamente utilizados durante décadas por atletas de alto rendimento de países do antigo bloco comunista. Exercícios específicos e especiais que se provaram na prática com elevado índice de sucesso com lutadores campeões regionais, nacionais, mundiais e, principalmente, olímpicos (Platonov & Bulatova, 2003).
Martin Rooney (Rooney, M., 2004; Rooney, M., 2008), em suas viagens para escrever seus dois livros intitulados "Training for Warriors", constatou que, em praticamente todos os continentes, por todas as academias em que visitou de Lutas, Artes Marciais e Modalidades de Combate, os meios de treinamentos mais funcionais e que são utilizados por, aproximadamente, 95% de todos os lutadores campeões são nada mais, nada menos, que os próprios exercícios típicos de lutas.